Quando tu entrasses por aquela porta
[#64] | Sérgio Godinho | Às vezes o amor | Ligação Directa | 2006
que hei-de eu fazer / Eu tão nova e desamparada / quando o amor / me entra de repente / p'la porta da frente / e fica a porta escancarada?
vou-te dizer / a luz começou em frestas / se fores a ver / enquanto assim durares / se fores amada e amares / dirás sempre palavras destas
p'ra te ter / p'ra que de mim não te zangues / eu vou-te dar / a pele, o meu cetim / coração carmesim / as carnes e com elas sangues
às vezes o amor / no calendário, noutro mês, é dor, / é cego e surdo e mudo / e o dia tão diário disso tudo
e se um dia a razão / fria e negra do destino / deitar mão / à porta, à luz aberta / que te deixe liberta / e do pássaro se ouça o trino?
por te querer / vou abrir em mim dois espaços / p'ra te dar / enredo ao folhetim / a flor ao teu jardim / as pernas e com elas braços
às vezes o amor / no calendário, noutro mês, é dor, / é cego e surdo e mudo / e o dia tão diário disso tudo
mas se tudo tem fim / porquê dar a um amor guarida / mesmo assim / dá princípio ao começo / se morreres só te peço / da morte volta sempre em vida
às vezes o amor / no calendário, noutro mês, é dor, / é cego e surdo e mudo / e o dia tão diário disso tudo
e o dia tão diário disso tudo / da morte volta sempre em vida
que hei-de eu fazer / Eu tão nova e desamparada / quando o amor / me entra de repente / p'la porta da frente / e fica a porta escancarada?
vou-te dizer / a luz começou em frestas / se fores a ver / enquanto assim durares / se fores amada e amares / dirás sempre palavras destas
p'ra te ter / p'ra que de mim não te zangues / eu vou-te dar / a pele, o meu cetim / coração carmesim / as carnes e com elas sangues
às vezes o amor / no calendário, noutro mês, é dor, / é cego e surdo e mudo / e o dia tão diário disso tudo
e se um dia a razão / fria e negra do destino / deitar mão / à porta, à luz aberta / que te deixe liberta / e do pássaro se ouça o trino?
por te querer / vou abrir em mim dois espaços / p'ra te dar / enredo ao folhetim / a flor ao teu jardim / as pernas e com elas braços
às vezes o amor / no calendário, noutro mês, é dor, / é cego e surdo e mudo / e o dia tão diário disso tudo
mas se tudo tem fim / porquê dar a um amor guarida / mesmo assim / dá princípio ao começo / se morreres só te peço / da morte volta sempre em vida
às vezes o amor / no calendário, noutro mês, é dor, / é cego e surdo e mudo / e o dia tão diário disso tudo
e o dia tão diário disso tudo / da morte volta sempre em vida